Espaço reservado à reflexão sobre questões que nos incomodam e nem sempre tivemos com quem nos aconselhar. Reflete a opinião de quem, embora não seja dono da verdade, se esforça por ser um servo fiel dela. Existe algo que sempre o incomodou e que ainda não encontrou resposta satisfatória? Este é o seu espaço, você poderá perguntar o que quiser e eu lhe direi o que penso, embasado na Bíblia Sagrada. Trazer-lhe a Palavra de Deus e tirar a sua dúvida, ajudando-o (a) a refletir acerca de seu dia-a-dia é o que mais desejo. Você pode usar o espaço "comentários" para enviar suas perguntas ou, se preferir, mande-as via e-mail: pr.sandromarcio@hotmail.com e aguarde a publicação da resposta no blog.
Que Deus nos ajude!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O Novo Testamento Aboliu o Dízimo?

Ola pastor boa noite, eu vi que em seu comentário, o senhor deu bastante enfase ao uso do dizimo na resolução dos problemas financeiro de uma igreja.Sendo assim, resolvi compartilhar um pensamento e gostaria que o senhor comentasse por favor.
A palavra dizimo encontrado pela Primeira vez na Bíblia em (Gn 14) significa colheita, ou seifa é que foi uma atitude voluntária, quando depois de uma guerra, Abraão ofereceu a um sacerdote chamado Melquisedeque, Jacó, seu neto, também comprometeu-se voluntariamente a dar dízimos, esse dízimo nunca foi dinheiro e sim cereais, sendo este totalmente diferente do preceito religioso estabelecido na ordem levítica da lei de Moisés que pela sua lei o Dízimo significa a décima parte de algo, paga voluntariamente ou através de taxa ou imposto, para ajudar organizações religiosas judaicas segundo a Lei de Moises (Lv 27, 30, 32) (Malaquias 3:10) (Hb 7:5). Segundo ordem levitica dizimo era dado exclusivamente aos levitas (1 Cr 15:2) (Hb 7.5), (Hb 7.11) 
Seu início se deu porque dentre as 12 tribos de Israel, a mais pobre era a tribo de Levi, então as tribos mais prosperas deveriam repartir mantimentos com a tribo menos favorecida justamente porque elas tinham colheitas em abundancia e não necessitavam de tantos mantimentos, guardar tudo para elas mesmas significaria acumular tesouro o que é terminantemente proibido por Deus, a tribo de Levi por sua vez também ofertava a viúvas órfãos e necessitados (Dt 26:12) repartiam com os estrangeiros, já que Israel no passado também já foi estrangeira, significando assim amor ao próximo, lá, benção era chuva para a colheita, maldição era seca, o devorador eram os gafanhotos, tudo isso definitivamente nada tem a ver a associação do devorador com o demônio nem benção com prosperidade financeira, como ensina o sistema religioso de hoje, em toda a bíblia não existe uma única citação que ampare essa afirmação. Segundo a LEI apenas os LEVITAS poderiam recolher o dizimo.
Os lideres religiosos de hoje que recolhem o dizimo, não são da tribo de Levi, não são Judeus e não fazem parte da Lei de Moisés. Este costume existiu de Abraão, até Levi (Hb 7:9), nessa passagem Paulo explica que, o dizimo termina em Levi e por ser Cristo sacerdote segundo a Ordem de Melquisedec, este ab-rogou (aboliu) o sacerdócio levítico com todas as suas as leis, dízimos e costumes, conforme narra Paulo na carta endereçada aos Hebreus (Hb 7, 1 - 28). Paulo arremata: "Com efeito, mudado que seja o sacerdócio, é necessário que se mude também a lei" (Hb 7.12). E ainda: "O mandamento precedente é, na verdade, ab-rogado pela sua fraqueza e inutilidade" (Hb 7, 18). OBS: SACERDOTE SÃO (LÍDERES RELIGIOSOS DA TRIBO DE LEVI) e mais, Quem entende que a o velho testamento e seus preceitos foram abolido por Cristo segundo o Apostolo Paulo (2 Co 3:14), apóia o uso do dizimo, citando a passagem do Novo Testamento onde Jesus critica os Escribas e Fariseus que lembram apenas do dizimo e esqueciam os outros preceitos da lei (Mt 23:23), sabemos que segundo a lei de Móisés do antigo testamento, aqueles dois homens que Jesus criticou, eram obrigados a dar o dizimo, o cominho e hortelã porque eram Judeus e ainda estavam sobre o manto da lei de Moisés e não da graça, que tem seu inicio com a morte de Jesus “ Esta consumado” naquele momento Cristo adentrou a nova aliança da graça, que estamos hoje, e neste contexto Jesus está dando uma bronca no pessoal que só lembrava do dízimo e esqueciam se dos outros preceitos da Lei, definitivamente ele não está orientando aos Gentios (nós) a praticar o preceito do dízimo. Cristo e seus discípulos jamais orientaram, permanecêssemos no preceito do dizimo, das coisas do dizimo a única que Jesus preservou é a caridade ajudar o necessitado ou seja ofertar ao próximo. (Is 1:17), (Tg 1:27). 

Resposta:
Boa noite, amado irmão!
Inicialmente quero agradecer por seu comentário e a oportunidade que me dá para falar mais sobre este importante assunto. Afinal, o cristão deve dar o dízimo ou é apenas uma ordenança restrita ao povo de Deus do Velho Testamento?
Creio que o dízimo é um referencial dado por Deus na Bíblia Sagrada para manutenção de sua igreja e, a esse respeito, é o mínimo que se espera de cada cristão. O Novo Testamento não eliminou a ordenança, mas deu o real sentido a ela, salientando o amor, a gratidão e a liberalidade deste ato.
Pretendo mostrar a base bíblica desta posição. 

1. A palavra Dízimo no Antigo e Novo Testamentos:
Caro irmão, a palavra dízimo, tanto no Antigo Testamento (hebraico: maasher) como no Novo Testamento (grego = dekáte) não significa colheita, como você sugeriu, e sim a décima parte de alguma coisa. Isto pode ser facilmente confirmado nos livros: Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento e Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, no verbete “dízimo” (ed. Vida Nova).
É claro que numa cultura agrícola, como era a de Israel, o fruto da terra estava em maior evidência, mas também contava com a cooperação da criação de gado e os despojos de guerra. Por isso quando em Gênesis 14.20, lemos que Abrão deu o dízimo de tudo quanto tinha, não temos como excluir a possibilidade de que o “tudo” estivesse também englobando valores em dinheiro, ouro e jóias.
Quando chegamos ao tempo da lei, é claramente dada a instrução de que se podia dar o dízimo da produção da terra e do gado em dinheiro; contudo, para que não houvesse perda ou desvalorização deveria ser acrescentada ainda uma quinta parte ao montante oferecido (Levítico 27.31).
   

2. A antiguidade e validade da prática:
Outra coisa que precisa ser considerada é a questão da antiguidade da prática do dízimo, que precede à lei de Moisés e ao sacerdócio Aarônico. O dízimo nos é apresentado justamente no exercício sacerdotal de Melquisedeque (Gênsis 14.20); que em Hebreus é dado como tipo do sacerdócio de Cristo, e por isso superior ao da Lei mosaica. O autor aos Hebreus (que alguns dizem ser Paulo, mas ninguém sabe ao certo quem é) vê com clareza esta superioridade a ponto de nos dizer que os levitas lhe pagaram o dízimo, através de seu ancestral Abraão, e que a ordem sacerdotal de Arão é passageira e a de Melquisedeque é eterna (Conforme Hebreus 7).
Uma coisa não é abolida, tão somente por estar no Antigo Testamento e sim quando é claramente rejeitada no Novo, e isto, não podemos afirmar em relação aos dízimos!
Mencionar a prática do dízimo por Abrão a Melquisedeque, em nada enfraquece
sua observância em nossos dias, muito pelo contrário.

3. O dízimo e a tribo de Levi:
Também há um problema em sua afirmação de que o dízimo seria entregue aos levitas, por serem da tribo mais pobre de Israel.
Devemos ver na separação de Israel administrativa e territorialmente em tribos, Deus ordenando que a tribo de Levi não tenha porção de terra separada, e sim que os levitas vivam nas cidades de Israel, para que ministrem da parte do Senhor ao Seu povo. Os levitas não recebiam os dízimos por serem pobres e sim por serem da tribo separada para a direção do culto ao Deus Todo-Poderoso e instrução de Seu povo. A eles cabia o cuidado com o serviço eclesiástico e também o amparo aos carentes; como este cuidado ainda se faz necessário na igreja atual; acredito que os dízimos ainda sejam um referencial adequado.

4. A repreensão de Deus ao Seu povo, registrada em Malaquias 3.
Quando lemos acerca da ira de Deus contra seu povo que o roubava no que dizia respeito aos dízimos e ofertas, como você bem considerou, não precisamos falar de demônios, pois os gafanhotos eram uma tragédia real em Israel, que não tinha porque ser espiritualizada. Deus é soberano para usar todos os meios que queira para punir a infidelidade de Seu povo. 
Para quem está em desobediência a Deus, o demônio se torna um problema pequeno; “horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!” Hebreus 10.31.

5. O dízimo, Jesus e os fariseus:

Nos evangelhos, quando Jesus repreende os fariseus por sua hipócrita observância nos dízimos, jejuns e esmolas, não está de modo algum desobrigando dessas importantes práticas e sim mostrando que estão entre as mais básicas, que nunca podem ser exercidas sem justiça, misericórdia e fé.
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” Mateus 23.23

6. A manutenção da Igreja Primitiva
Porém, se observarmos a prática da Igreja Primitiva, não encontraremos lá nenhuma menção ao dízimo; pelo simples fato de que eles já davam tudo o que possuíam, indo muito além do dízimo.
Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade. Atos 4. 32-35
Infelizmente Ananias e Safira confundiram as coisas e decidiram não dar tudo e apenas parecer que estavam dando (não nos lembra a hipocrisia dos fariseus?), no que foram repreendidos por Pedro e castigados por Deus.
Através do exemplo da Igreja Primitiva não vemos a abolição do dízimo, e sim a disposição de irmos muito além dele. O que em nada contraria a observância dos dízimos e das ofertas.
Eu não faço questão alguma de falar de dízimo a qualquer igreja que vá além dele; o problema é que a grande maioria dos que lutam contra esta ordenança, o faz justamente para oferecer menos ao Senhor e à Sua Igreja.
Entretanto, para aqueles que vão além da ordenança do dízimo, doando seus bens liberalmente a Deus e à Sua Igreja, não há o que dizer senão que Deus os abençoe e os mantenha assim!


6. Porque ensinar a prática do dízimo e não deixar à espontaneidade de cada crente
Aqueles que não aceitam a prática do dízimo apelam para a espontaneidade da oferta, pois Deus ama a quem dá com alegria. Contudo, quem disse que a prática do dízimo deva ser feita de má vontade? Mesmo no tempo da Lei, podemos ver a alegria do povo fiel e agradecido trazendo seus dízimos e ofertas à Casa do Senhor, e o desgosto de Deus quando não foi assim.
O grande problema é que se não ensinarmos a importância dos dízimos e ofertas na manutenção do serviço a Deus, teremos o que vemos amiúde, uns poucos irmãos fazendo das tripas coração para sustentarem a igreja, com cantinas, quermesses, bazares, etc, enquanto a maioria entrega apenas esmolas para a igreja, ou vivem da memória do dia que deram um valor maior.

7. Quem deve dar o dízimo?
Não podemos esquecer que dízimo é um referencial justo que confere proporcional igualdade no compromisso de todos os fiéis, e juntamente com as ofertas são demonstrações de fé e confiança em Deus, coisa muito normal de se esperar dos crentes, batizados e professos, publicamente comprometidos com a obra de Deus.
Todavia, é coisa estranha o desespero de muitos pastores em cobrar ofertas dos visitantes da igreja, e muitas vezes até sob ameaças de demônios ou ofertas de seguro retorno financeiro, esquecendo-se de que de nada vale trazer dinheiro à igreja, sem que primeiro se tenha entregado o coração ao Senhor Jesus.
É certo que não rejeitamos a oferta de quem quer que seja, contudo, não podemos mercadejar o Evangelho usando semelhantes expedientes.

De um lado, sou contra o constrangimento que alguns líderes tem feito aos irmãos. Penso que o ensino deve ser dado em geral, numa orientação aos crentes, mas não cabe a nós fiscalizar a vida dos irmãos, pois a observância do dízimo é de foro íntimo e cada um é responsável diante de Deus e de mais ninguém.

Por outro lado, entendo que convém aos líderes da igreja, pastores, presbíteros e diáconos, que sejam dizimistas, devendo ser cobrados a esse respeito, pois não há a menor coerência receberem os dízimos dos irmãos com o fim de aplicá-los na obra de Deus, se eles mesmos não dão o exemplo.

Vemos assim que ser dizimista é uma alegria dos crentes de todos os tempos, antes e depois do período da Lei; mas é apenas uma pequena parte de nosso compromisso com Deus, parte esta que não deve ser esquecida, e não exclui as demais obrigações. Quem dá o dízimo, reconhece que é Deus quem o sustenta, e demonstra que crê na certeza de que sempre será assim. Não somos nós que administramos o uso do nosso dízimo, ou escolhemos distribuí-lo como melhor nos pareça, mas, cabe ao Conselho da Igreja a fidelidade no bom destino deste dinheiro, da mesma forma como cabe a nós o dever de trazê-los à igreja. Não há uma cobrança individual para que você “pague o dízimo”, mas é a sua consciência que responde diante do mandamento de Deus. Não se trata de “comprar bênçãos”, muito menos a salvação e sim de amar a Deus e a Sua casa, trabalhando e contribuindo  para o progresso do Evangelho, manutenção do culto a Deus e amparo aos necessitados.        


Muito obrigado por sua pergunta, amado irmão; espero tê-lo ajudado com essa resposta.

Que Deus lhe abençoe, hoje e sempre!


Pr. Sandro Márcio